O QUE VOCÊ PRECISA SE LEMBRAR ANTES DE COMEÇAR "O Santo das Sombras" (e o que esperar...)

Denise Flaibam | Queria Estar Lendo

Três ladrões com uma missão. É assim que começa a história de A oração dos miseráveis. O que deveria ser um roubo simples acaba se tornando uma explosão catastrófica, pela qual os três ladrões – Ratazana, Mastro e Cari – são injustamente acusados. Obviamente, eles não foram os responsáveis por destruir aquela Torre com um poder de alquimia descomunal. Mas então quem teria feito aquilo?

Estamos em Guerdon, uma cidade com uma história pra lá de caótica e que vive através da magia e da alquimia. Do outro lado do oceano, territórios seguem em uma interminável Guerra dos Deuses, mas Guerdon está em significativa paz, tendo sobrevivido a outra guerra divina particular que quase se concretizou.

Muitos anos atrás, os Deuses de Ferro Negro conspiraram para tomar Guerdon e transformá-la em seu palco de caos e horror. Haveria aqueles que os seguiriam, aqueles que os serviriam e os que seriam sacrificados por eles. A morte de um Sumo Sacerdote pouco antes do ritual se concretizar foi o que os impediu de tomar o poder; como punição, esses Deuses de Ferro Negro foram sentenciados a prisões materiais, forjados em sinos que foram espalhados por Guerdon e esquecidos por lá.

Por pouco tempo, claro. Porque os Deuses são seres inquietos e estão acordando. E neste retorno, seus badalares despertam visões de um futuro terrível em ninguém menos que Cari, uma das protagonistas desta história.

Cari é uma santa, escolhida pelos Deuses de Ferro Negro para representá-la neste mundo. Ao contrário do que acontece com outros santos, servos de deuses menos complicados, as visões de Cari são um tormento atrás do outro, e ela sabe que representam uma corrida contra o tempo para impedir esses monstros divinos de dominar Guerdon.

Para isso, ela vai contar com a ajuda de Mastro – um Homem de Pedra que carrega o legado de seu pai, o líder da Irmandade dos Ladrões – e Ratazana – um carniçal que gosta da superfície, diferente dos seus iguais, que abraçaram o subterrâneo e guardam as portas onde os terríveis Desfiadores vivem.

Ah, para quem não lembra, os Desfiadores são monstros capazes de tomar a alma e a aparência de outras pessoas, e são servos fiéis dos Deuses de Ferro Negro.

De volta à superfície, mais e mais explosões atingem lugares estratégicos de Guerdon. Aquela conspiração que acusou nossos três ladrões era muito maior do que a explosão de uma torre do governo – era o primeiro ataque aos lugares que guardam os sinos de Ferro Negro, com a intenção de roubá-los.

E é aí que Cari, Mastro e Ratazana entendem toda situação: a guilda dos alquimistas quer se apropriar dos sinos, seu metal escuro e poderoso, para criar bombas alquímicas capazes de matar deuses. Assim, se poderia impediro possível retorno dos Deuses de Ferro Negro, mas, por outro lado, a existência de todos os outros também seria ameaçada.

Essa conspiração nos leva a conhecer figuras importantes como o professor Ongent, um grande estudioso da cidade de Gerdon, da sua história e das divindades; sua aluna, Eladora – prima de Cari – que é a mente por trás das descobertas acerca da consciência viva dos deuses em suas prisões físicas; Miren, filho de Ongent, um sujeito sombrio e misterioso capaz de se teletransportar.

Através das visões de Cari, somos conduzidos por uma intrincada trama que gira em torno grande conspiração, a luta de Mastro para tomar a liderança da Irmandade dos Ladrões e um dilema envolvendo Ratazana e o legado dos carniçais.

Mastro é o legado de um ladrão que roubava dos ricos para dar aos pobres, e quer fazer jus à memória do pai destituindo o novo líder da Irmandade dos Ladrões, que nada tem de honrado. Sua luta contra a doença que o transforma lentamente em pedra é outro drama que se desenrola na narrativa; não fossem as doses de alkahest, uma droga capaz de conter a evolução da doença, Mastro estaria confinado na Ilha das Estátuas, lugar onde os Homens de Pedra são confinados quando se encontram em um estado de petrificação muito avançado .

Mastro tem uma missão, e ele não vai desistir até cumpri-la.

Ratazana, por outro lado, permanece nas sombras, seguindo ordens, espionando pessoas e, lentamente, entendendo o quanto a conspiração dos alquimistas interfere na paz dos carniçais. Com Desfiadores escapando de suas prisões, cabe aos carniçais, mais uma vez, caçá-los – o que significa oltar à superfície, de onde foram rechaçados no passado.

Ao fim da história, descobrimos que o professor Ongent, em quem confiávamos, era na verdade o traidor, um servo ansioso para recuperar o legado dos Deuses de Ferro Negro; Cari consegue deter o retorno das divindades, mas a um custo terrível: Mastro morre, e seu corpo, em uma poderosa explosão, cobre a cidade com prédios, ruas e túneis, transformando Guerdon num labirinto a ser explorado e compreendido. Este evento passa a ser chamado por alguns como Milagre da Sarjeta.

Ratazana tem sua consciência tomada pela de um carniçal ancião, criaturas selvagens e muito perigosas, mas consegue se sobrepor a ele. Eladora vivencia uma possessão divina e, como a boa acadêmica que é, passa a guardar relatos sobre tudo o que aconteceu naquela noite em que um milagre salvou Guerdon.

E, claro, para além do oceano, a Guerra dos Deuses segue firme e forte. A arma matadora de Deuses ainda existe, e os alquimistas podem tentar usá-la para exterminar as divindades que seguem em conflito.

Para O santo das sombras, há muito a entender do que se tornou Guerdon, agora uma cidade labiríntica. Podemos esperar grandes conflitos, especialmente no que concerne à arma alquímica matadora de deuses.

Há um vácuo na liderança da Irmandade dos Ladrões, a cidade não é mais a mesma e a Guerra dos Deuses além do oceano segue firme e forte. Será que a consciência de Mastro está perdida em algum lugar naquele mar de pedras? Será que os Deuses de Ferro Negro foram realmente dissipados? E, se foram, quais as consequências para Cari, que enfrentou tamanho poder?

Há muito a descobrir e muito a explorar na grandiosidade que é o Legado do Ferro Negro.